

Erradicação da febre aftosa está se tornando realidade na América do Sul, com avanços notáveis liderados por países como Brasil e Bolívia. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), agência da ONU, a região está prestes a alcançar um marco histórico de saúde animal, com impactos positivos na economia, exportações e segurança alimentar.
Progresso consistente rumo à erradicação
A erradicação da febre aftosa em grande parte do território sul-americano é uma das conquistas mais relevantes da saúde veterinária das últimas décadas. De acordo com a OPAS, cerca de 65% das cabeças de gado da região já se encontram em áreas livres da doença sem necessidade de vacinação, demonstrando a eficácia de campanhas sanitárias coordenadas.
Esse resultado é fruto de políticas públicas eficientes, investimentos em pesquisa e, principalmente, da cooperação entre governos, setor privado e organismos internacionais. O Brasil e a Bolívia, que possuem vastos rebanhos bovinos, devem receber seus certificados de zona livre da doença ainda no primeiro semestre de 2025.
Impactos econômicos e comerciais
Com a eliminação da febre aftosa, os países da América do Sul se tornam mais competitivos no mercado internacional de carne bovina. Estima-se que os ganhos com exportações aumentem em bilhões de dólares, especialmente para países com grande produção pecuária como Argentina, Uruguai e o próprio Brasil.
Além dos benefícios comerciais, há também impactos positivos na confiança do consumidor e no fortalecimento das cadeias de produção alimentar. A certificação internacional de zona livre da febre aftosa também abre portas para acordos comerciais com blocos mais exigentes, como União Europeia e Japão.
Cooperação regional e estratégias adotadas
A OPAS destaca que o êxito alcançado se deve ao trabalho conjunto de ministérios da Agricultura, institutos de sanidade agropecuária, associações de produtores rurais e universidades. Diversas estratégias foram empregadas, como:
- Campanhas anuais de vacinação em massa;
- Rastreabilidade do gado bovino;
- Monitoramento por satélite de áreas fronteiriças;
- Capacitação de profissionais e técnicos locais;
- Investimentos em laboratórios e diagnóstico precoce.
Essas ações integradas formaram uma verdadeira barreira sanitária contra o vírus da febre aftosa, reduzindo drasticamente os focos de infecção ao longo dos anos.
Desafios remanescentes
Apesar dos avanços, a OPAS alerta que a vigilância não pode ser abandonada. Ainda existem áreas com risco de reintrodução da doença, especialmente em zonas de fronteira e em regiões com infraestrutura limitada. A agência também enfatiza a importância de manter estoques estratégicos de vacinas e realizar treinamentos periódicos de resposta rápida.
Outro desafio relevante é a sustentabilidade financeira dos programas sanitários em tempos de cortes orçamentários e mudanças de governo. A continuidade dos esforços depende da priorização política da saúde animal como questão de interesse nacional.
Perspectiva histórica da febre aftosa na região
A febre aftosa já foi considerada uma das principais ameaças à pecuária sul-americana. Nas décadas de 1970 e 1980, surtos da doença causavam prejuízos bilionários, impedindo exportações e forçando o abate de milhares de animais. A partir dos anos 1990, programas regionais coordenados pela OPAS e pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) estabeleceram metas para erradicação, culminando nos avanços atuais.
O que é a febre aftosa?
A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Ela provoca febre, feridas na boca e nos pés, dificuldade para caminhar e perda de apetite. Embora rara em humanos, a doença pode devastar rebanhos inteiros e causar impacto econômico massivo.
Depoimentos e expectativas futuras
Produtores rurais da Bolívia e do Brasil comemoram a iminente certificação como um divisor de águas para a pecuária local. “Estamos colhendo os frutos de anos de esforço coletivo. Agora, nosso produto ganha valor e acesso a novos mercados”, disse Jorge Salvatierra, criador de gado no estado de Mato Grosso.
Representantes da OPAS, por sua vez, reforçam que o sucesso da erradicação pode servir como modelo para outras iniciativas sanitárias, como o combate à peste suína africana e a gripe aviária.
Conclusão
O avanço da América do Sul rumo à erradicação da febre aftosa é uma vitória para a saúde pública, para a economia regional e para a segurança alimentar global. A união de esforços entre governo, produtores e organismos internacionais mostra que, com compromisso e planejamento, é possível enfrentar desafios complexos e alcançar resultados transformadores.
Espera-se que a conquista seja mantida por meio da vigilância contínua e da valorização das políticas públicas de sanidade animal, garantindo o bem-estar dos rebanhos e a prosperidade das comunidades rurais.
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